Tudo estava calmo
Um silêncio que de tão calado
Soava irreal e denso
Ecos de vozes chegavam
Uns poucos, e distantes
Abafados, ecos
Na planície onde haviam lutado como animais ferozes
A poeira se assentava
Os vivos já haviam se retirado
Os mortos restavam
Com suas tragédias e seus despojos
O vento, indiferente
Remexia cabelos e farrapos
Iludia os olhos de quem via
Fazendo parecer vida o que só era morte
O campo, terra seca e árida, nivelava todos os homens
Valentes e covardes
Filhos e pais
Jovens e velhos
Lúcidos e ignorantes
Amantes e brutos
Todos agora iguais
Nas aldeias, nas casas e nas cidades
Já se sabe de quem voltou e de quem ficou
As mulheres se vestem de angústia
Vão buscar os seus
Tudo que está perdido e não pode ser recuperado
Aguarda por elas