quinta-feira, 11 de julho de 2019

Saudade do Poeta III

Texto de Garagem - Ano 10: Português amoroso LXXXIV

Alberto, decididamente, não era um sujeito fácil.
Se contrariado, mandava logo um Manuel Bandeira e, de peito estufado, trinava: 
- Nada como um modernista para quem não gosta de levar desaforo para casa!

Alberto era valentão, não há dúvida.
Se chamado para a briga… cruzes... não tinha meio termo, era violento:
Sacava ligeiro um Drummond e mandava ver…só pena que avoava...

Alberto não tinha compaixão, ah, Alberto!
Quando desafiado numa querela, afiava sua Lispector e não havia Clarice que pudesse contê-lo.
E nem Cecília e nem Meireles.

Mas, diga-se a verdade, Alberto era um romântico.
Colecionava Bilacs e Vinicius, aos montes. Regava todos os dias.
E sempre que sua paixão por ele passava, Alberto Cora, Coralina, Corava.
  
Marcelo Vieira Graglia

Saudade do Poeta II

 Mariana de Almeida - cinco poemas de vida e morte/amor e guerra

 

Estive pensando.

E depois de tanto pensar, de refletir, de rascunhar equações, algoritmos, de corrigir as contas e os rabiscos aplicando a proporção áurea, descobri que os poetas não morrem.

Poetas apenas pedem licença - poética - e se versificam.

Em suas lápides duras, de pedra, deveria-se gravar em baixo relevo: Tornou-se em versos. E, assim, versificou-se.

 

 

(Mensagem enviada à minha sempre nova amiga Esther, quando da passagem do querido amigo Alberto Gattoni aos versos).

 

 

Marcelo Vieira Graglia

Saudade do Poeta I


Aldemir Martins – Gato Verde com Fundo Azul – AST – 40 X 40 cm – Galeria de  Arte Virtual

Eita poeta apressado, inquieto
Tão ligeiro nas rimas hábeis
Tão ligeiro quanto as suas declamas
Poeta de sorriso rápido

Tão logo aparece o caso
La vem num átimo a piada inspirada
O gracejo educado 
De poeta maroto

Eita poeta do Gato
Do sarau, do causo
Poeta do abraço
Saudade Alberto



Marcelo Vieira Graglia