Vociferavam pelas ruas e becos
Cobertos por fina poeira cinzenta
Inebriados, embebidos, encharcados
Bêbados com os goles de ufanismo e entusiasmo que ora regurgitavam
Pareciam dopados
Alheios aos sinais e aos fatos que alertavam aos berros
Era como se um vírus houvesse corroído sua percepção da realidade
Como se uma névoa tóxica os houvesse cegado e corrompido
Cambaleavam em bandos e hordas
Uivando e gemendo a cada estímulo
Como cães que reagem a apitos subsônicos
Engalanados em fantasias coloridas e adereços num carnaval desvairado
Assim, desfilavam em torrentes agitadas
Como uma maré alta de insânia e inequidade
Que se derramava aos borbotões pelas bordas de uma Terra Plana Deixando para trás uma terra morta e desumanizada