sábado, 22 de outubro de 2022

Insânia

Vociferavam pelas ruas e becos

Cobertos por fina poeira cinzenta

Inebriados, embebidos, encharcados

Bêbados com os goles de ufanismo e entusiasmo que ora regurgitavam

 

Pareciam dopados

Alheios aos sinais e aos fatos que alertavam aos berros

Era como se um vírus houvesse corroído sua percepção da realidade

Como se uma névoa tóxica os houvesse cegado e corrompido

 

Cambaleavam em bandos e hordas

Uivando e gemendo a cada estímulo

Como cães que reagem a apitos subsônicos

Engalanados em fantasias coloridas e adereços num carnaval desvairado

 

Assim, desfilavam em torrentes agitadas

Como uma maré alta de insânia e inequidade

Que se derramava aos borbotões pelas bordas de uma Terra Plana                                                         Deixando para trás uma terra morta e desumanizada