domingo, 27 de outubro de 2019

Saci

Radinho BdF convida você para brincar | Podcast | Rádio Brasil de Fato

Vou andando nesta estrada
Navegando neste rio
Começando uma jornada
Neste rumo que vou indo
Vou levando esta viola
Para amó dum desafio
Doze cordas, verso e rimo

Nesta vida aventureira
Sob sol, chuva e granizo
Já comi muita poeira
Nas beiradas dos caminhos
Vou cumprindo a minha sina
À moda de um viajeiro
Se olhar pra trás me perco

Sete cordas, sete sinos
Na torre de sete igrejas
São Luiz dá o caminho
É sinal de mula preta
Se refuga a montaria
E um redemoinho eu vejo
Tem saci no Mato Dentro

Vou trançar mais uma crina
Vou soprar esse braseiro
Vou salgar aquela sopa
Vou tocar tudo pra dentro
Dar um susto na Maria
Outro assombro derradeiro
Derramar água no leite
Esconder o seu dinheiro
Sou Saci preto e vermelho
Rei da mata, rei do vento
Moro num bambu inteiro
Se me viu já não tem jeito

Marcelo Graglia

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Saudade do Poeta III

Texto de Garagem - Ano 10: Português amoroso LXXXIV

Alberto, decididamente, não era um sujeito fácil.
Se contrariado, mandava logo um Manuel Bandeira e, de peito estufado, trinava: 
- Nada como um modernista para quem não gosta de levar desaforo para casa!

Alberto era valentão, não há dúvida.
Se chamado para a briga… cruzes... não tinha meio termo, era violento:
Sacava ligeiro um Drummond e mandava ver…só pena que avoava...

Alberto não tinha compaixão, ah, Alberto!
Quando desafiado numa querela, afiava sua Lispector e não havia Clarice que pudesse contê-lo.
E nem Cecília e nem Meireles.

Mas, diga-se a verdade, Alberto era um romântico.
Colecionava Bilacs e Vinicius, aos montes. Regava todos os dias.
E sempre que sua paixão por ele passava, Alberto Cora, Coralina, Corava.
  
Marcelo Vieira Graglia

Saudade do Poeta II

 Mariana de Almeida - cinco poemas de vida e morte/amor e guerra

 

Estive pensando.

E depois de tanto pensar, de refletir, de rascunhar equações, algoritmos, de corrigir as contas e os rabiscos aplicando a proporção áurea, descobri que os poetas não morrem.

Poetas apenas pedem licença - poética - e se versificam.

Em suas lápides duras, de pedra, deveria-se gravar em baixo relevo: Tornou-se em versos. E, assim, versificou-se.

 

 

(Mensagem enviada à minha sempre nova amiga Esther, quando da passagem do querido amigo Alberto Gattoni aos versos).

 

 

Marcelo Vieira Graglia

Saudade do Poeta I


Aldemir Martins – Gato Verde com Fundo Azul – AST – 40 X 40 cm – Galeria de  Arte Virtual

Eita poeta apressado, inquieto
Tão ligeiro nas rimas hábeis
Tão ligeiro quanto as suas declamas
Poeta de sorriso rápido

Tão logo aparece o caso
La vem num átimo a piada inspirada
O gracejo educado 
De poeta maroto

Eita poeta do Gato
Do sarau, do causo
Poeta do abraço
Saudade Alberto



Marcelo Vieira Graglia