Havia um
tempo
Destes
que a gente sabe que passa
Sabe
que voa
Eu procurava pelos cantos, pelos cafés, pelas ruas
E quando finalmente
entrava, transbordante de si
Disfarçava
e fingia não ver
Como se
possível fosse
Não lhe ver
Fingia
surpresa, que já não era
E que
menor seria
Que o
indisfarçável espanto
De fitar
seu sorriso
E admirar
seus lábios e seu cabelo
O
contorno reto do rosto, as linhas do queixo
As mãos,
que há tempos já não carregavam
Os anéis
que lhe dei
As
pernas, a cintura, seus peitos
O
contorno do corpo, forte, de raça, de desejo
O riso
tímido, os olhos amendoados
O nariz
marcante
Mas, cadê
o tempo
Que
parece que passou
O tempo,
que parece que voou
Cadê
você?
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