sábado, 8 de abril de 2017

Naquele tempo

Havia um tempo
Destes que a gente sabe que passa
Sabe que voa
Eu procurava pelos cantos, pelos cafés, pelas ruas
 
E quando finalmente entrava, transbordante de si
Disfarçava e fingia não ver
Como se possível fosse
Não lhe ver

Fingia surpresa, que já não era
E que menor seria
Que o indisfarçável espanto
De fitar seu sorriso

E admirar seus lábios e seu cabelo
O contorno reto do rosto, as linhas do queixo
As mãos, que há tempos já não carregavam
Os anéis que lhe dei

As pernas, a cintura, seus peitos
O contorno do corpo, forte, de raça, de desejo
O riso tímido, os olhos amendoados
O nariz marcante

Mas, cadê o tempo
Que parece que passou
O tempo, que parece que voou
Cadê você?

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