Fechada em sua casa
Telefonou para Jussara, lá na favela
Perguntou sobre ela e sobre os filhos
Ouviu com paciência tantas agruras
Tantas incertezas, tanto que faltava
E o Verbo lhe fez em solidariedade
E lhe fez em irmandade
E do que tinha doou uma parte
E como podia acolheu a outra parte
Que, na verdade e de alguma forma, também a acolhia
Cercado por suas angústias
Procurou por Luis
E descobriu que Luis não era
Mas era João Francisco
Que do irmão usava o nome
E abraçou João Francisco, tão distante
E ouviu dele a improvável alegria
No meio de tanta cólera e tamanha pandemia
Contra todas as impossibilidades, João ainda sorria
E comungou com ele, como se fossem irmãos, um preto, o outro branco.
Marcelo Augusto
Vieira Graglia
São Paulo, 13 de
junho de 2020
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