quinta-feira, 11 de julho de 2019

Saudade do Poeta III

Texto de Garagem - Ano 10: Português amoroso LXXXIV

Alberto, decididamente, não era um sujeito fácil.
Se contrariado, mandava logo um Manuel Bandeira e, de peito estufado, trinava: 
- Nada como um modernista para quem não gosta de levar desaforo para casa!

Alberto era valentão, não há dúvida.
Se chamado para a briga… cruzes... não tinha meio termo, era violento:
Sacava ligeiro um Drummond e mandava ver…só pena que avoava...

Alberto não tinha compaixão, ah, Alberto!
Quando desafiado numa querela, afiava sua Lispector e não havia Clarice que pudesse contê-lo.
E nem Cecília e nem Meireles.

Mas, diga-se a verdade, Alberto era um romântico.
Colecionava Bilacs e Vinicius, aos montes. Regava todos os dias.
E sempre que sua paixão por ele passava, Alberto Cora, Coralina, Corava.
  
Marcelo Vieira Graglia

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