quarta-feira, 5 de abril de 2023

A pena e o verso

Da pena descia a tinta 

Pena metálica 

Que escorria e molhava 

A folha 

A folha de papel 

 

A pena ultrapassada 

Pena metáfora 

Trocada pela esferográfica 

De plástico, que pena 

É pena desempregada 

 

Que pena da pena 

Tão elegante, vistosa 

Agora, pobre pena 

É pena pobre borrada 

Pena abandonada 

 

Que pena cumpre a pena, coitada 

Relegada ao ostracismo 

Apartada da escrita 

Proibida ao poema 

Que tanto amava 

 

Será que um dia 

Lhe anistiam as penas 

Lhe desatam os nós 

E livre das amarras  

É pena liberta? 

 

Será que então 

A pena se achega ao caderno 

E num volteio seduz a folha 

Ejacula em tinta 

E fecunda o verso? 

Nenhum comentário:

Postar um comentário