Da pena descia a tinta
Pena metálica
Que escorria e molhava
A folha
A folha de papel
A pena ultrapassada
Pena metáfora
Trocada pela esferográfica
De plástico, que pena
É pena desempregada
Que pena da pena
Tão elegante, vistosa
Agora, pobre pena
É pena pobre borrada
Pena abandonada
Que pena cumpre a pena, coitada
Relegada ao ostracismo
Apartada da escrita
Proibida ao poema
Que tanto amava
Será que um dia
Lhe anistiam as penas
Lhe desatam os nós
E livre das amarras
É pena liberta?
Será que então
A pena se achega ao caderno
E num volteio seduz a folha
Ejacula em tinta
E fecunda o verso?
Nenhum comentário:
Postar um comentário