Em memória de Esther Proença
Numa sexta-feira é que veio a notícia de sua partida
Faltou um último abraço, uma despedida?
Não sei ao certo, talvez não
Também não sei se haveria festa no céu, ou poesia
Não sei se há céu, confesso
Entretanto, inegável, é que houve amor, e muito
E, deste amor, todos bebemos, tanto!
Aos goles, a cântaros
Embriagados pelos risos compartilhados
Pelos afetos, aos montes, transbordados
Subíamos montanhas sublimes
Metamorfoseávamo-nos em borboletas
Em passarinhos, em flores, em muitas flores
Nos sentíamos parte de um mesmo jardim
E éramos parte de uma mesma família
Iluminados pelo seu sorriso e pelo seu canto
Por suas letras e seus encantos, sua inspiração e delicadeza
Sereia-borboleta, nos enfeitiçou
Sua poesia nos invadiu os poros, os sentidos, a consciência
E em nossas almas, suavemente, se acomodou
Mesmo contrariando as impossibilidades
Destes tempos de desencanto e sofrimento
De desajustes e iniquidades
O amor, feito em poesia
Em cada um de nós, ficou.
23.4.21
Marcelo Vieira Graglia
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