sexta-feira, 23 de abril de 2021

Nossa poetisa

 chover a cântaros ou a potes

Em memória de Esther Proença 

Numa sexta-feira é que veio a notícia de sua partida

Faltou um último abraço, uma despedida?

Não sei ao certo, talvez não

Também não sei se haveria festa no céu, ou poesia

Não sei se há céu, confesso

 

Entretanto, inegável, é que houve amor, e muito

E, deste amor, todos bebemos, tanto!

Aos goles, a cântaros

Embriagados pelos risos compartilhados

Pelos afetos, aos montes, transbordados

 

Subíamos montanhas sublimes

Metamorfoseávamo-nos em borboletas

Em passarinhos, em flores, em muitas flores

Nos sentíamos parte de um mesmo jardim

E éramos parte de uma mesma família

 

Iluminados pelo seu sorriso e pelo seu canto

Por suas letras e seus encantos, sua inspiração e delicadeza

Sereia-borboleta, nos enfeitiçou

Sua poesia nos invadiu os poros, os sentidos, a consciência

E em nossas almas, suavemente, se acomodou

 

Mesmo contrariando as impossibilidades

Destes tempos de desencanto e sofrimento

De desajustes e iniquidades

O amor, feito em poesia

Em cada um de nós, ficou.

 

 

23.4.21
Marcelo Vieira Graglia

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